O Jardineiro.

Ele já havia me tocado... Algo aconteceu dentro de mim. Eu não sabia explicar ao certo. As palavras fugiam da minha mente sempre que eu tentava usá-las. Quando a semente foi lançada, o meu terreno estava fértil. Ela foi brotando e crescendo... Crescendo... E crescendo. Porém, assim como na natureza, toda semente precisa de água pra brotar. Lembra de quando sua “tia” da escola pediu pra você levar o feijãozinho no algodão? Ele precisou de água, né? Mas a água que eu estava irrigando meu solo era diferente. Ela não evaporava. Pelo contrário! Quanto mais eu a consumia, mais ela jorrava. E isso era magnífico. A água que eu estava irrigando meu solo era viva. Jamais se acabava. Meu solo estava muito seco e foi preciso bem mais que uma ou duas jorradas... E então, percebi que algo começou a florescer. Alguns frutos foram nascendo. E eles eram bons, doces e gostosos de saborear. Aos poucos conseguiram mudar todo meu jardim, que antes estava sem vida. Ele se tornou florido, cheio de cores e perfumado. O meu Jardineiro tinha um cuidado diferenciado... E assim, percebi que o jardim dos meus vizinhos também começou a mudar. As sementes estavam sendo levadas pela doce brisa e o solo de alguns jardins também já estavam preparados para recebê-las. Outros solos estavam muito amargos e ressequidos pela falta de água. Esses não se deixavam habitar por nenhum ser vivo. Outras vezes, os passarinhos vinham e comiam os brotinhos que iam nascendo, impedindo que esses se tornassem grandes árvores. Eu ficava triste quando isso acontecia, pois quando nasciam flores no jardim dos meus vizinhos, a minha casa também se perfumava. E assim meu querido Jardineiro foi lá, dia a dia, cuidado, sempre zeloso, alimentando meu solo cada vez mais... Como estava tudo lindo! Às vezes, algumas ervas daninhas tentavam se enraizar, mas Ele ia lá, todo cuidadoso, e as tirava. Só deixava ficar aquilo que Ele sabia que era bom pro meu jardim. O tempo foi passando e as plantinhas lá, crescendo, lindas e cheirosas. Havia algumas árvores que não davam bons frutos, então, Ele as cortava. Algumas vezes eu achava que uma árvore aqui ou ali era boa de comer. Então Ele vinha e dizia: “Esse fruto é aparentemente bom, mas possui veneno... Não coma!”. Eu me sentia aliviada porque Ele sabia todas as coisas e ai de mim se não fosse o meu Jardineiro. Alguns vizinhos jogavam sementes ruins no meu jardim, sabe? Só para que esses frutos envenenados me atraíssem. Eu não entendia o motivo pelo qual eles faziam aquilo, mas eu sempre estava tranquila pois sabia que o meu fiel Jardineiro iria tirar dali o que não fosse bom. Hoje, quando olho para trás e vejo tudo que Ele já fez, fico emocionada. Não consigo nem lembrar mais daquele jardim sem vida e feio. As lembranças daquele lugar sombrio cada dia ficam mais distantes. Ele não só mudou meu jardim, mas também a minha vida. Sou eternamente grata àquele que planta em mim, pacientemente, a Sua semente, dia após dia. Rega meu solo, espera o brotar da semente e o colher dos Seus frutos.

O meu Jardineiro tem nome e sobrenome: Jesus Cristo.


Bia Gomes